terça-feira, 23 de março de 2010

Treino de oralidade


Leitura
 
Não, eu não estou aqui
Ninguém sente, todos desprezam
A presenç
a desta mulher
Que nada sente, nada transforma.
 
Não, eu não estou aqui
Não quero que vejam
Os pedaços perdidos de um destroço
Que nada tem, nada sem rumo.
 
Não, eu não estou aqui
Porque nasci e nada mudou
Uma simples existência do mais puro deserto de se ser
Que nada chora, nada há jamais para deitar.
 
Eu não quero estar aqui!
Não quero que ao levantar de outro dia
Esta mulher não queira acordar
Não quero despir da minha alma o que já nada mais há para despir.
 
Não quero caminhar por pétalas de selvagem nula sem fim
Eu não quero saber das pedras da calçada
Não quero saber desta mulher que caminha descalça,
Em que o nada é seu Senhor, em que cada vida não fala.
 
EU NÃO QUERO ESTAR AQUI,
EU NÃO QUERO QUE NADA SEJA!
PORQUE DO NADA NASCI,
DO NASCIMENTO SOFRI!
 
                                            Lúcia Batista 
                                            (Raphael)
 
Tema à escolha
            TESOUROS
 
    Foi difícil escolher algo, apesar de não faltarem ideias, mas partilhar não faz muito o meu estilo, nem mesmo em último caso.
Isto é de perceber, porque toda a gente tem os seus tesouros secretos e como tal é nosso dever protegê-los à nossa maneira e mantê-los ocultos.
    Cada pessoa é, é à sua maneira!
    Eu sou um é assim, E são os meus tesouros confidenciais ou não que formam este meu É um tanto ou quanto curioso para uns, desprezível para outros e até mesmo enojado para alguns.
Mas afinal, ninguém, nem eu, conhece todos os seus tesouros, eles tornam-se desconhecidos entre si, mesmo cá dentro,
Eu tenho os meus e tu os teus, e só há que haver respeito.
    Agora pouco me importa o quão bonita é uma simples palavra pois só digo o que me corre no intimo.
    E pouco me importa o nojo que transbordo.
 
 
Improvisação
            TESOUROS
 
    Em minha opinião, que não sei se é permitida, mas e porque não? O tema sendo "tesouros" tornou-se um bocado repetitivo, mas não  faltarão oportunidades para falar de outros assuntos, infelizmente.
Todos têm os seus tesouros, de uma maneira ou de outra, o meu, a nível físico, é o cabelo, dou muita importância e odeio que lhe toquem; de igual modo, o meu calçado!
    Dou imenso valor, e talvez demasiado, ou não, mas é com esses tesouros que eu desabafo silenciosamente e são eles que me acompanham em todas as estradas, atalhos, direcções, vias, rumos e destino. Encaixam-se em mim e eu neles, encaixam de todas as maneiras! Estão comigo quando as gotas caem em abundância em terra, quando o astro brilha pela matina, quando as folhas se deixam apanhar, quando as estradas rompem e a carne se despedaça.
    
    São as minhas botas que me levam à fatalidade e me trazem à fantasia.
 
Fazem-me do mesmo modo que o uso se gasta e Sei, sei que sim, que percebes, porque também os tens, também os reverencias.
Falando agora, de um modo geral, o tesouro de maior escala (de tamanho) é o mundo! Este a todos nos pertence, a todos nos faz falta, ou não, e é nossa obrigação livrá-lo das nossas próprias garras, essas que o ameaçam, que o vão matando vagarosamente de dia para dia.  
 

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