segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Sumários das aulas da semana de 23 de Novembro

Dicionário da origem das palavras: "acanhar-se".
Momentos de leitura, dissertação e improvisação.
Leitura de textos teóricos/revisão da matéria (o texto jornalístico e o registo biográfico).
(10B: Conversa com a turma sobre faltas e sobre segurança).
Conclusão da leitura do III capítulo de Alice no País das Maravilhas.
Revisões da matéria do teste.
Leitura de dois contos de Italo Calvino: "O lampejo" (10 A) e "Consciência".
Origem da palavra "antologia".
Matriz do teste. Esclarecimentos de dúvidas.

domingo, 29 de novembro de 2009

Leitura, Dissertação e Improvisação


Leitura, Dissertação e Improvisação

 Leitura:
Referência Bibliográfica:
COELHO, Paulo. O Zahir. Pergaminho.1ª Edição, Cascais 2005

 Excerto:
‘Enquanto lutava, via as pessoas falar em nome da liberdade, e quanto mais defendiam este direito único mais escravas se mostravam dos desejos dos seus pais, de um casamento onde prometiam ficar um com o outro ‘para o resto da vida’, da balança, das dietas, dos projectos interrompidos a meio, dos amores aos quais não se podia dizer ‘não’ ou ‘basta’, dos fins-de-semana em que eram obrigados a comer com quem não desejavam. Escravos do luxo, da aparência do luxo, da aparência da aparência do luxo. Escravos de uma vida que não tinham escolhido, mas que tinham decidido viver – porque alguém acabou por convence-los de que aquilo era melhor para eles. E assim seguiam os seus dias e noites iguais, em que a aventura era uma palavra num livro ou uma imagem na televisão sempre ligada, e, quando qualquer porta se abria, diziam sempre: ‘Não me interessa, não tenho vontade’.’

Análise:
Eu escolhi este excerto por ser bastante profundo.
Afinal de contas, somos mesmo livres? Ou só cá estamos para agradar a outra pessoa, à sociedade…? Será que fazemos alguma coisa por nós mesmos? Mostramos a nossa máscara de cada dia, mas será que ao desempenhar esse papel, realmente empenhado, SE torna real? Passamos a ser outra realidade e às tantas perguntamo-nos “quem sou eu afinal?”, e é assim que perdemos a nossa identidade.
Valeu a pena?

Dissertação:
O tema que preparei, para falar, foi: as famílias numerosas.
É um tema que habitualmente nos passa ao lado, mas como dias antes tinha visto uma reportagem na televisão sobre esse tema, resolvi aproveitar e falar um pouco.
Resumidamente falei sobre os prós e contras de ter muitos filhos, as razões por que o fazem e a minha opinião.

Improvisação:
O tema proposto pela professora foi “A Escola”.
A professora esperava que falasse sobre as listas, por estar inserida numa, mas segui um rumo diferente.
Decidi falar sobre a nossa responsabilidade, enquanto alunos, em ter boas notas para assegurar o nosso futuro, falei também sobre a nossa sorte em estarmos na António Arroio e que apesar das obras, temos umas instalações que nos permitem trabalhar e acho que essencialmente foi isso que disse.

Filipa Rivera, 10B




Leitura, dissertação, improvisação:

 I- Leitura
"A Rapariga com Olhos Fora de Série"

Conheci uma rapariga,
que era fora de série,
pois do sério arrancava
tudo aquilo que afixava.
Cravava os olhos no chão,
lançava os olhos aos céus,
ninguém sabia o mistério
do porquê dos seus olhos.
Mas tendo ganho, a nível regional,
o concurso de jogar a sério,
levou a banhos
para um repouso estival.


BURTON, Tim. A morte melancólica do rapaz ostra e outras estórias. Lisboa. Errata Editores. 2000

II - Falar sobre um tema, de escolha livre, preparado anteriormente em casa:

Falei sobre uma das coisas de que mais gosto de falar: cinema. Sobre os meus filmes favoritos e filmes que me definem: o meu filme favorito "Haverá Sangue", sobre "A Laranja Mecânica" e "Brasil".
Referi também o quanto adoro os filmes do Kubrick e como aprecio este realizador e o Tim Burton (apesar de já ter gostado mais deste último)

III- Tema dado pela professora:
 Estrelas

Foi difícil improvisar sobre este tema, porque eu não ligo muito às estrelas, nunca foi algo que me tenha fascinado. Houve uma ou outra vez que me fascinou, mas em vão.
E para falar sobre um tema sobre estrelas há que se saber bastante da matéria, coisa que não sei.
Por isso respondi, durante dois minutos, gaguejando.

Duarte Lima, 10 B

Exercício sobre os sentidos da palavra "prescrever"

Parece que já ninguém aprecia o que é a Arte. Não digo que sei exactamente como se deve apreciar Arte, mas digo que me esforcei para sabê-lo (vi muitos museus, exposições, teatros, filmes,...), mas há muita gente que desconhece a Arte e mesmo assim afirma que sabe, as circunstâncias prescrevem cuidado! Há que melhorar a situação: para estar em artes prescreve-se que se tenha um maior conhecimento cultural. É raro encontrar situações em que uma pessoa diga: "vamos ao teatro", em vez de: "vamos ao cinema". Parece que essa moda já prescreveu há anos atrás.
De certa forma, o que é a Arte? É uma necessidade mental que temos, podemos até dizer: prescreva-se à alma que veja Arte.

Duarte Lima
Nº9
10ºB

Critérios de avaliação de Português


(Fazer clique sobre a imagem)

sábado, 28 de novembro de 2009

Imprimido ou impresso?

[Pergunta | Resposta]
Imprimido ou impresso?

[Pergunta] Quando um documento sai de uma impressora diz-se imprimido ou impresso?
Para mim é a primeira forma, embora muita gente afirme o contrário.
C R :: :: Portugal

[Resposta] Como se refere no Glossário do Ciberdúvidas e na resposta anterior sobre matado e morto, alguns verbos portugueses têm dois particípios passados, um regular, mais extenso e acentuado na terminação «-ado» ou «-ido», e outro irregular, mais curto e acentuado no radical. Vejamos o que diz sobre o assunto a «Gramática da Língua Portuguesa», de Pilar Vázquez Cuesta e Maria Albertina Mendes da Luz (Edições 70, 1971):

O particípio irregular costuma derivar directamente do Latim como cultismo, ainda que algumas vezes se tenha já formado dentro da Língua Portuguesa por contracção.

Esquecida a sua proveniência verbal, a maior parte destes particípios irregulares são usados como simples adjectivos (cego, cativo, livre) ou inclusive como substantivos (progresso, reduto).

Quando os particípios passados coexistem com um valor verbal, costuma utilizar-se:

- A forma irregular com o verbo «estar» ou, na passiva, com «ser», concordando em género e número com o sujeito da oração;

- E a forma regular com a formação dos tempos compostos com os auxiliares «ter» e «haver» como invariável.

Assim, o prezado consulente diz que «o papel foi impresso, embora a impressora o tivesse (ou houvesse) imprimido muito mais devagar do que é costume».
J.C.B. :: 01/02/1997

"Matado" ou "morto"?

[Pergunta | Resposta]
Matado e morto

[Pergunta]
A dúvida que coloco é a seguinte: como se deve dizer, se A tivesse matado B, ou se A tivesse morto B?


[Resposta] Há verbos que têm dois particípios passados (ou passivos), como matar: um é regular, matado; outro é irregular morto. Com os verbos ser e estar, devemos empregar o particípio irregular: Fulano está morto, foi morto; com os verbos ter e haver, devemos empregar o particípio regular: Fulano tinha/havia matado.

in: http://www.ciberduvidas.com/pergunta.php?id=120

Dúvidas/erros frequentes

A propósito de algumas dúvidas e erros encontrados nos trabalhos, hoje esclareço, a partir da página Ciberdúvidas (de que transcrevo um excerto), que também podem consultar (ligação à direita):

[Pergunta] Devo escrever:
«Para os devidos efeitos se declara...»
ou
«Para os devidos efeitos declara-se»?

«Posso te telefonar...»
ou
«Posso telefonar-te...»?

«Algumas vezez me deparo...»
ou
«Algumas vezes deparo-me...»?

«Vou me levantar...»
ou
«Vou levantar-me...»?

Por vezes, tenho dúvidas quanto à forma correcta de utilização dos pronomes pessoais.

Desta forma, gostava que me dessem alguns exemplos práticos, que me elucidassem.

Obrigada pela atenção dispensada.
Maria Martins :: Administrativa :: Évora, Portugal

[Resposta] Os pronomes pessoais da língua portuguesa mantêm muitas cara(c)terísticas dos pronomes pessoais da língua latina.

Os pronomes pessoais da língua portuguesa também têm marcas da sua função sintá(c)tica: eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles, elas – têm normalmente função de sujeito; me, te, se, lhe, o, a, nos, vos, lhes, os, as – têm normalmente funções de complemento.
Os pronomes pessoais da língua portuguesa também têm bastante mobilidade.

Alem disso, devemos ter em atenção outras cara(c)terísticas. Todos nós somos mais descontraídos na oralidade, mas quando usamos a forma escrita somos mais cuidadosos.
Em certos casos, usamos os pronomes pessoais complementos antes dos verbos como sucede nas frases negativas ou depois de certos pronomes ou advérbios. Exemplos: «ele não me disse nada», «todos me viram», «já me vieram contar...»

Devemos ainda ter em consideração as construções estilísticas.
Análise dos casos apresentados

«Para os devidos efeitos se declara...» é uma forma estilística preferível porque se insere num texto formal.
«Para os devidos, declara-se...» é uma frase aceitável porque é compreensível.

«Posso-te telefonar...» é uma frase compreensível e aceitável na oralidade.
«Posso telefonar-te...» é uma frase preferível porque o pronome complemento está junto ao verbo principal. (sublinhado meu)

«Algumas vezes me deparo...» é uma frase de maior valor estilístico e, preferível, por exemplo, na poesia.
«Algumas vezes deparo-me...» é uma frase corrente na oralidade.

«Vou-me levantar...» – o pronome está junto ao verbo auxiliar, mas é uma forma corrente.
«Vou levantar-me...» – o pronome reflexo está junto ao verbo principal. É também uma forma corrente.
A. Tavares Louro :: 09/03/2007

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Matriz do 1º teste do 10º ano de Português 2009-2010


Objectivos:

Mostrar conhecimentos sobre a história de Alice no País das Maravilhas (os 3 primeiros capítulos)
Analisar e interpretar texto
Responder a questões com enunciados completos
Distinguir entre afirmações verdadeiras e falsas
Atribuir correspondências de conceitos a afirmações
Identificar géneros
Completar texto
Desenvolver um tema numa dada forma
Conteúdos:
A narrativa de Alice no País das Maravilhas: acção, personagens, espaço, tempo
Textos dos media (notícia, reportagem, entrevista, crónica, artigo de opinião, crítica)
Registos biográficos (diário, memória, biografia, autobiografia, auto-retrato, fotobiografia, vários tipos de cartas, correio electrónico)
Estrutura
I Questionário sobre Alice no País das Maravilhas (40)
II Texto com perguntas de interpretação (60)
III Exercícios de: completar texto, preencher espaços, estabelecer correspondências, identificar géneros a partir de excertos. (40)
IV Desenvolvimento de um tema à escolha, a partir de vários temas dados e nas formas englobadas pelos conteúdos: textos dos media ou registos biográficos. (60)

Recomendo aos alunos
que releiam a informação teórica que o manual contém sobre estes tipos de textos e se necessário, releiam os textos para melhor interiorização das características de cada género.

Bom estudo! Risoleta

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Leitura, dissertação, improvisação:

I- Leitura de um excerto:



Referência bibliográfica:

DEARY, Terry e Martin Brown. Factos Marados da colecção História Horrível, Edições Europa-America, 2005.



Excerto:



“Alguém disse uma vez: «A minha família adora os livros da História Horrível. Temos sempre alguns na casa de banho.»

Ena! Eles lêem-nos mesmo? Ou têm-nos lá para o caso de faltar o papel higiénico? (Se pertences a uma destas desagradáveis famílias, talvez possas responder a esta questão. Escreve a tua resposta no verso de uma nota de 5 euros e envia-a ao autor.)

Bem, aqui está um livro especial para quem só quer ter umas páginas para ler quando tem uns momentos livres. ATENÇÃO! Não tens de estar na casa de banho para ler este livro, mas, se estiveres, não te esqueças de lavar as mãos depois de tocares nele.

Podes estar num autocarro, num comboio ou num camelo. Podes estar no banho, numa aula aborrecida de história ou poderás estar maluco. Se calhar, estás a ver um jogo de futebol, uma execução pública, ou num beco sem saída (Se estiveres num, a única saída é voltar para trás). Quem quer que sejas ou onde quer que estejas, este é o livro da História Horrível ideal para ti.

Caso sejas um dos tristes que nunca antes leram um livro da História Horrível, deves seguir cuidadosamente estas instruções:



· NÃO leias este livro se ficas agoniado com a imagem de sangue, tripas ou ranho a escorrer. Caso sejas suficiente corajoso para o ler, certifica-te de que tens um saco de vómito ao teu lado.

· NÂO leias este livro num sítio escuro com as luzes apagadas.

· NÂO emprestes este livro a ninguém. Podem morrer de susto e processar-te em tribunal.”



II- Tema à escolha para dissertação, com preparação em casa:



Na aula, falei do que eu levei para ler: era sobre acontecimentos históricos que raramente se contam na vida real.

É um livro muito interessante para quem quiser conhecer algumas personagens famosas da história como o imperador Nero, J. F. Kennedy e até a própria rainha D. Isabel II. Apesar de ser um livro de assuntos sérios, os autores conseguem pôr um bom toque de humor neste volume.



III- Tema dado pela professora:



“Uma história da minha infância”

Não foi fácil, porque este tema pode representar ou um acontecimento da minha vida ou uma história infantil que me tenha apaixonado.

Respondi falando da minha história infantil favorita que era “Os Três Porquinhos”. É a minha preferida, porque mostra a importância de termos cuidado com as nossas criações para que durem e não caiam com a passagem do tempo.

Francisco Machado
Nº 10 10º A

Sumário das lições de 16 de Novembro

Continuação da leitura de ALICE...
Leitura e análise do conto "Quem se contenta"
Leitura de um texto sobre biografias.
Criação individual de um texto incluindo as várias acepções da palavra "prescrever"

Exercícios de gramática e interpretação.
Exercício de completamento de texto: conservação do tom e estilo.

Momento de leitura, digressão, improvisação, continuação las leituras de Alice..., Continuação do estudo dos textos biográficos e autobiográficos, Origem da palavra "álbum", os deícticos, expressão de fim, exercício de escrita a partir dos sentidos da palavra "prescrever".

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Leitura, dissertação, improvisação:

O quê:
Um minuto de leitura, um minuto de dissertação sobre um tema escolhido pelo próprio e preparado em casa, dois minutos de improvisação sobre tema dado pela professora na altura.

Para quê:
Treino da oralidade,

Quem:
Todos os alunos, um por aula, por inscrição ou pré-aviso (se não houver inscrições).

Quando: No início de cada aula, até ao fim do ano. Quando todos tiverem feito, volta ao primeiro.

Como: desencostado, boa postura corporal, direita e flexível. Voz bem projectada, texto bem articulado.

Com quem:
Os secretários tomam nota das inscrições e avisam os próximos na aula anterior.
Um/a colega é responsável por cronometrar o tempo.

E depois?
O trabalho só fica concluído com o envio, à professora, de:
- indicação bibliográfica do texto ou suporte a que pertence o excerto.
- transcrição do excerto ou de uma parte
- síntese do que foi dito na dissertação e na improvisação.

Leitura, dissertação, improvisação:

Apresentação oral

Leitura de um excerto:

Referência bibliográfica:
KOOMSON, Dorothy. A filha da minha melhor amiga Porto Editora, LDA.2006.

Excerto:

“Querida Kamryn, por favor, não ignores isto
Preciso de te ver. Estou a morrer. Estou no hospital de
St.Jude, no centro de Londres.
Com amizade, Adele
P.s: tenho saudades tuas”

“Ao fechar bruscamente o postal, notei, pela primeira vez, que este tinha escrito «Adoro-te», em vez das habituais felicitações de aniversário.
O pedaço de cartão brilhante foi parar ao outro lado do quarto quando o arremessei como se me tivesse queimado os dedos. Caiu em cima do cesto de vime para a roupa suja e ali ficou a olhar fixamente para mim. Zombava de mim, com a sua parte da frente branca, um desenho simples e uma palavra traiçoeira, desafiava-me a ignorá-lo. Desafiava-me a fingir que s palavras que encerravam não estavam gravadas no meu cérebro como estavam inscritas no postal.”

Tema à escolha para dissertação com preparação em casa:

Na aula de Português optei por falar sobre a exploração do trabalho infantil, porque é um assunto universal, um problema existente em todo o mundo.
Tendo mencionado aos meus colegas que o trabalho infantil é toda a forma de trabalho exercida por crianças ou adolescentes abaixo da idade mínima de trabalho permitida. Acrescentei também que o trabalho infantil é proibido por lei, conforme a legislação de cada país. Este ocorre em países subdesenvolvidos como o Brasil, onde existe com muita abundância, em famílias numerosas, havendo a necessidade de ajudar financeiramente a família. Este tipo de trabalho acaba por ser bastante praticado nas regiões pobres.
Nas regiões africanas, as crianças são raptadas e tornam-nas escravas, trabalhando em fábricas de cacau.

Tema dado pela professora:

“Os sonhos”
No início não sabia que dizer, mas consegui exprimir um pouco daquilo que para mim é sonhar, o que são os sonhos, são actos de imaginação que reflectem o nosso dia-a-dia.

Susana

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Sumários da semana de 9 de Novembro

Momento de apresentação individual de uma leitura oral, dissertação e improvisação sobre um tema.
Conclusão da apresentação dos trabalhos jornalísticos.
Início do estudo dos textos biográficos e autobiográficos: Poema "Janus", os géneros e exemplos.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Sobre o acordo ortográfico (Para reflectirmos)

(Chamo a vossa atenção para o facto de este texto estar redigido na variante do Português do Brasil)


Alexei Bueno é um jovem intelectual e curador na Academia Brasileira de Letras . Também é brizolista.Seu texto reflete as dificuldades do professor brasileiro com a famigerada reforma ortográfica . Alvaro Bastos(membro do diretório Nacional do PDT )






O PONTO INDEFENSÁVEL

Há, no recente acordo ortográfico, independentemente de tudo que nele se possa discutir, um ponto absolutamente indefensável, a retirada do acento agudo de pára, do verbo parar. Qualquer indivíduo letrado e com o mínimo de bom-senso já percebeu fartamente as dubiedades absurdas criadas por essa reforma equivocada. Para dar um exemplo simplíssimo, reproduzo uma manchete do jornal O Globo, que passou a usar a nova ortografia no dia seguinte à sua assinatura:

CRISE PARA A CONSTRUÇÃO CIVIL

Nem Jesus Cristo seria capaz de ler em voz alta tal manchete sem antes ler o texto encabeçado por ela, pelo simples motivo que o para preposição e o pára verbo não têm um valor igual no ritmo da frase. No caso de pêlo e pelo, um substantivo e uma contração de preposição e artigo, isso não acontece, ambos têm o mesmo valor em frases como:

Ele foi pelo outro lado.

O cão perdeu o pelo.

As orações, como as palavras, têm partes tônicas e átonas. Comumente o verbo é a parte tônica. Pára, verbo, é muito mais forte que para preposição. Basta ler a manchete acima em seus dois sentidos possíveis, destacando seus pontos fortes, isso tudo para falar das coisas da maneira mais popularmente compreensível:



CRISE PÁRA A CONSTRUÇÃO CIVIL

CRISE PARA A CONSTRUÇÃO CIVIL

Na primeira oração, a parte forte da frase é a sílaba tônica do verbo, na segunda é a sílaba tônica do primeiro substantivo. Pelo mesmo motivo o para preposição é comumente contraído em pra, e o verbo jamais. Qualquer um diz “Ele foi pra casa”, mas nunca ouviremos alguém dizer “Ela não pra de me telefonar”. O mesmo acontece com pôr verbo e por preposição, dos quais tiveram o bom senso de não unificar a ortografia, só aumentando de forma escandalosa a contradição do que fizeram com o pára. Vejamos duas frases:

VOU POR AQUI.

VOU PÔR O LIVRO NA MESA.

A diferença de força entre o por preposição e o pôr verbo é gritante. E o pior de tudo é que, já que o motivo ou pretexto do acordo ortográfico era a unificação – que não houve, apenas uma aproximação dela – da ortografia do português, a grafia dupla de pára e para era comum a todos os países! Mais um exemplo da falta de objetividade que nos infelicita há séculos. Trocando em miúdos, mexeu-se no que era igual para todos para criar dubiedades e piorar a leitura de todos. Não se trata de uma questão de costume, como acontece com quase todo o resto do acordo. Como já afirmei, nem Jesus Cristo saberia ler de primeira a manchete acima citada sem antes consultar o texto a que ela se refere. E se isso já se observa numa manchete de jornal, em prosa literária e poesia o desastre é completo, tenho colecionado exemplos lamentáveis em vasta quantidade. Enquanto os espanhóis - que, como os franceses, usam muito bem o seu trema – lançam mão até do ponto de interrogação e de exclamação invertidos no início da frase para evitar dubiedades na leitura, todas as orações em português que se iniciarem com um Pára imperativo obrigarão, de agora em diante, o leitor a começar a leitura com uma olhadela para a continuação da frase!

Sobre o trema, é bom lembrar que ele foi suprimido unilateralmente pelo governo fascista português em 1945. O problema da retirada do trema não está nas palavras óbvias, seqüestro, tranqüilo, cinqüenta, Anhangüera – aliás, o meu 12º avô -, pingüim, etc., mas nas de uso minoritário, fato que não me perece justificar, antes pelo contrário, tal supressão. Um único exemplo: aqüíparo. Quantos lusófonos, de todos os países, leriam tal palavra de maneira correta sem o trema? E isso para não citar o que de complicador tal supressão traz para os estrangeiros que buscam aprender português, nem a aberração de não se poder especificar o que se deseja em palavras de dupla pronúncia, como antigüidade e antiguidade, sanguíneo e sangüíneo, etc. Aliás, no novo Dicionário ortográfico, a correta ou dupla pronúncia de todas essas palavras é demonstrada de que maneira? Com o mesmíssimo trema - o expurgado trema – sobre o seu u entre parênteses! É a própria confissão gráfica da impotência. Fato mais grave, por ninguém lembrado, são os tupinismos – como o já mencionado Anhangüera, este de todos conhecido - e africanismos que não serão lidos de maneira exata por quase ninguém com a extinção do trema. É evidente que o governo salazarista, que extinguiu o trema, pouco estava interessado nos africanismos, e menos ainda nos tupinismos, mas daí nós, no Brasil, aderirmos a esse equívoco para seguir os portugueses, esta é outra questão. O autoritarismo do texto do decreto chega, nesse parágrafo do fim do trema, à seguinte enormidade, após declará-lo absolutamente revogado em português:

“Nem sequer se emprega na poesia, mesmo que haja separação de duas vogais que normalmente formam ditongo: saudade, e não saüdade, ainda que tetrassílabo; saudar, e não saüdar, ainda que trissílabo; etc.”

Ora, em duas edições de textos de Camões que preparei e anotei há vários anos, sempre usei o trema, como inúmeros outros, para não transformar alguns dos mais belos versos da língua em versos frouxos. Não conheço maneira melhor de demonstrar a necessidade da se ler saüdade com quatro sílabas. Qual filólogo da borra vai me tirar tal direito? É o salazarismo em sua máxima expressão, ressuscitado no Brasil, onde um povo majoritariamente ignorante, servil e novidadeiro engole tal reforma instantaneamente, enquanto na Europa e em África nem um único acento e nem uma única consoante muda foram suprimidos por ninguém. Agora, a pergunta que não quer calar: se tal acordo não se efetivar em Portugal e África, o que acho mais do que provável, só nós assumiremos o ônus bilionário de tal inutilidade? Alguém faz idéia do patrimônio editorial destruído por nada, caso o acordo não se consolide? O problema, na verdade, não está num livro comum. Quantas pessoas têm idéia do que é uma reforma ortográfica para uma edição crítica, e o quanto custa de sangue, suor e lágrimas, caso seja séria, uma edição crítica?

Na verdade, nada muda no Brasil, apenas a ortografia e a Constituição, as duas coisas em que menos vale a pena mexer. No caso da ortografia, perece que nos aproximamos da 13ª em pouco mais de um século. Não há velho que escreva corretamente neste país, por motivos óbvios, com a exceção daqueles que precisam escrever nas normas vigentes por obrigação profissional.

Mas abdico de todas essas considerações apenas pelo que chamei de ponto indefensável no título deste artigo, a questão do pára e para. Não sei o nome do infeliz que propôs tal miséria, mas tenho suspeitas. Se não suprimirem rapidamente – antes de maior estrago, e só no caso do Brasil, onde tudo se engole – esse equívoco, aí é realmente necessário ler mais o saudoso Thoreau e partir para a ação direta.

Alexei Bueno

18-6-2009

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Sumários da semana de 2 de Novembro

1ª aula:
Leitura e comentários a um excerto  de Alice no País das Maravilhas
Oralidade: momento de leitura, apresentação de um tema e improvisação, por um aluno ou aluna.
SPA da Língua: o bom uso da página do ponto de vista gráfico
Trabalho de pares (construção de um artigo de jornal a partir do livro Alice no País das Maravilhas):(notícia, opinião, entrevista, reportagem, crónica)
2ª aula: Apresentação à turma dos trabalhos de pares sobre o tema jornalístico.

Continuação das leituras de Alice no País nas Maravilhas.

Treino de oralidade: apresentação, por um aluno, de um momento de leitura, dissertação e improvisação.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Debates- conclusões da professora:

Alguns alunos (menos do que os esperados) apresentaram exemplos concretos de casos, que analisaram. Outros mostraram ter preparado, mas não apresentaram exemplos específicos.
Quase todos os alunos intervieram espontaneamente, houve uma minoria que não interveio activamente, embora todos tenham acompanhado o debate com interesse.
Na generalidade, os moderadores e os secretários desempenharam bem o seu papel.
A professora esteve como observadora e apenas interveio para chamar a atenção para uma ou outra regra a que os alunos não estavam habituados.
Os alunos aprenderam que:
Devem inscrever-se sempre que querem falar, devem esperar que o moderador lhes conceda a palavra. Se quiserem intervir uma segunda vez devem esperar que os que ainda não falaram possam fazê-lo. Não devem entrar em diálogo; se algum colega disser algo a que queiram reagir ou responder, deverão esperar pela sua vez. O moderador e o secretário podem tomar a palavra sempre que necessário dentro das suas funções, mas se quiserem intervir para exprimir opiniões pessoais deverão inscrever-se tal como qualquer outro.

Debate sobre a Comunicação Social: 10 L




Moderadora: Inês
Secretária: Susana

A Moderadora começou por apresentar o tema e definir as regras de participação e o tempo das intervenções.
Súmula das principais intervenções:
- Há certos factos que nos ocultam ou inventam para tornar as notícias mais sensacionalistas e vender mais.
- Tanto a Comunicação Social como a publicidade distorcem a realidade.
- A CS exagera os factos, faz de certos temas os únicos, o que condiciona o pensamento.
- As pessoas são demasiado crédulas em relação a tudo o que diz a CS, falta-lhes espírito crítico.
- Somos demasiado bombardeados por publicidade todos os dias e em todos os locais e um dos veículos é a CS. As letras pequeninas são quase ocultadas e é nelas que está o segredo do que nos interessa. O problema dos media e da publicidade é agirem muito ao nível do subconsciente.
- É muito importante a educação dos mais novos desde muito cedo. A publicidade começa a substituir-se aos pais, o que é inquietante. As crianças são as mais influenciáveis e os alvos mais fáceis.
-  As pessoas devem ser educadas para o espírito crítico.
- A manipulação e as seduções com que a publicidade nos tenta com as suas ilusões: liberdade, aventura.
-  Alguns media, na preocupação de focar a atenção em si, caem na tentação de chegar a forjar acontecimentos.
- Os cidadãos sofrem uma formatação mental através dos Media, que nos fazem uma lavagem cerebral desde pequenos de modo que nunca chegamos a conhecer a realidade como ela é. A nossa realidade depende do que os Media querem que seja.  Sem conhecimento, sem sabedoria, somos totalmente manipuláveis. Porque somos “nós” que vamos mudar a publicidade daqui a muitos anos.
- Nós criamos a nossa própria realidade e a partir do momento em que começamos a adquirir mais consciência, temos de aprender a interpretar, senão andamos todos a falar do mesmo.
- Nesta época de crise alguns Media têm desempenhado uma função importante chamando a atenção  para os problemas. Sem os media estaríamos na mais completa ignorância . O que é importante é saber distinguir.
- Os media são úteis porque agem e interagem na sociedade, e podem ter uma função educativa. São uma ligação importante ao mundo para as pessoas que estão isoladas.
- Por vezes a televisão junta a família à noite, faz e rir e chorar.
- A CS não promove muito a cultura, põe mais a tónica na economia, na política, as desgraças e nas futilidades. Há uma grande desproporção entre as notícias de cultura e as outras. A cultura é normalmente remetida para as últimas páginas.
- Será que a CS nos quer ignorantes? Alguns jornais promovem a cultura, embora pudessem fazê-lo mais.
- Quando comparamos as notícias nos vários canais verificamos que cada um acrescenta um ponto.
-  A publicidade usa métodos de sedução, como  cores fortes, imagens provocantes, actores conhecidos, etc.
- Os pais dão a educação que receberam, passa muito por eles poderem ajudar ou não os filhos, também nesta área.
-Síntese da moderadora: Com os excessos ligados a um mau uso da sexualidade, pelos exageros, principalmente os mais pequenos são influenciados e desviados do caminho da responsabilidade e do bom senso, não há um estímulo à cultura e à inspiração em pessoas interessantes, mas na competição entre pessoas e na deturpação da realidade para estimular as vendas. O espírito crítico deve ser incentivado, dada a sua importância.





Sumário das aulas até ao final do mês de Outubro:

Planificação das actividades: trabalhos de grupo e individuais.
Criação de vários momentos na aula:

"Hora da história (leituras pela professora)" , "SPA da Língua", "Glossário de Literatura", "Origem das palavras", "Bibliografia", "Ler e falar em Público" (pelos alunos, rotativamente: um minuto de leitura, um minuto a falar sobre um tema preparado, dois minutos a desenvolver um tema proposto na altura).

Oralidade: postura corporal, projecção da voz, articulação das palavras, adequação do tom.

Debate sobre a comunicação social (preparação, regras de intervenção e participação).

Leitura e análise dos vários tipos de textos jornalísticos: notícia, texto de opinião, entrevista, reportagem, crónica.